Não dirás falso testemunho (ÊX 20. 16; Dt 5.20)
Tratando dos
relacionamentos interpessoais, vamos comentar sobre o nono mandamento que nos adverte quanto à honra do próximo.
Conforme (REIFLER, 2009, p. 219)
A proteção da honra humana é
fundamental para a convivência social de qualquer comunidade ou nação. Nenhum
homem deseja que sua reputação ou o bom nome de sua família sejam atingidos. A
honra talvez seja a parte mais sensível do ser humano.
Fazer uma falsa acusação é o mesmo que mentir, e a
mentira é fortemente condenada na palavra de Deus. O diabo é chamado de pai da
mentira, fica evidente então que aqueles que amam e praticam a mentira são seus
filhos.
Vós tendes por pai ao diabo e quereis
satisfazer os desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princípio e não se
firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala
do que lhe é próprio, porque é mentiroso e o pai da mentira (BÍBLIA, Jo 8.44).
Satanás arruinou ao primeiro casal com uma pergunta falsa
“Será que Deus disse?” (BÍBLIA, Gn 3.1). Não dizer falso testemunho inclui
também: não espalhar notícias falsas, “Não admitirás falso rumor e não porás a
tua mão com o ímpio, para seres testemunha falsa” (BÍBLIA, Êx 23.1). Não
espalhar mexericos, “Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo” (BÍBLIA,
Lv 19.16). Não usar de falsidade e fraude para com o próximo. “[...] nem
mentires, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo” (BÍBLIA, Lv
19.11).
A mentira às vezes pode vir disfarçada de lisonjas, isto
ocorre quando um aluno bajula seu professor para obter melhores notas, o
funcionário elogia seu chefe visando uma promoção, o membro enche o ego do
pastor esperando um cargo ministerial, etc. “a mentira também pode envolver o
uso de palavras lisonjeiras que têm como intenção conseguir algum benefício de
uma pessoa” (PALLISTER, 2005, p. 238).
Negligenciar a correção de uma falsa impressão é também
uma forma de compactuar com a mentira. Interessante que a falsa impressão é
rapidamente corrigida se ela for negativa, porém é fácil cair no erro e aceitar
elogios que na verdade pertence à outra pessoa. Segundo (KEMP, 2001, p. 141)
“Precisamos aprender a nos aceitar como somos e não pretendermos ser algo ou
alguém diferente, porque isso nos precipita à mentira”. Nesta situação a pessoa
não mente só para o próximo, mas para si mesma.
O profeta Jeremias denunciou em seu tempo outra forma de
transgressão ao nono mandamento, as mentiras proferidas como verdades por
alguns religiosos da época. “[...] desde o profeta até ao sacerdote, cada um
deles usa de falsidade. E curam a ferida da filha de meu povo levianamente,
dizendo: Paz, paz; quando não há paz” (BÍBLIA, Jr 8. 10,11). Estes profetas
eram “falsos e mentirosos”, pois não transmitiam a palavra do Senhor, visto ser
esta bastante dura naquele momento, antes preferiam falar o que o povo gostava
de ouvir. Eles diziam “assim diz o Senhor” quando na verdade Deus nada tinha
dito.
Infelizmente esta é uma característica da sociedade
contemporânea, muitos pregadores hoje não falam a verdade da palavra de Deus,
temas como: pecado, inferno, arrependimento, negar-se a si mesmo, são
frequentemente substituído por meias verdades: Deus só quer o seu coração (ele
quer o seu coração e todo o seu ser - 1Ts 5.23), determina que Deus realize
para você (Deus não é o gênio da lâmpada, porém se pedirmos em oração conforme
a vontade do Pai Ele nós concede – 1Jo 5.14) o cristão nunca fica doente (o que
dizer de Paulo, Timóteo, a sogra de Pedro? – Mc 1.29-31), o cristão não pode
ser pobre (porque então Jesus não nasceu em um palácio, e sim numa manjedoura?
– Rm 15.26).
De acordo com (PALLISTER, 2005, p. 239) “O manter
silêncio ou fugir ao assunto quando sabemos que há verdades menos atraentes que
precisam ser anunciadas é uma forma óbvia de mentira”. O apóstolo Paulo já no
Novo Testamento, afirmava que não pregava o que o povo gostaria de ouvir, e sim
aquilo que Deus lhe ordenava.
Pois a nossa exortação não procede de
engano, nem de impureza, nem se baseia em dolo; pelo contrário, visto que fomos
aprovados por Deus, a ponto de nos confiar ele o evangelho, assim falamos, não
para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração. A verdade
é que nunca usamos de linguagem de bajulação, como sabeis, nem de intuitos
gananciosos. Deus disto é testemunha. (BÍBLIA, 1 Ts 2.2-5).
Jesus Cristo não somente ensinou a verdade, mas Ele mesmo
é a verdade. “E disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida”
(BÍBLIA, Jo 14.6). O apóstolo Paulo de igual forma também ensinou os cristãos a
andarem na verdade “Pelo que deixai a mentira e falai a verdade cada um com o
seu próximo” (BÍBLIA, Ef 4.25). O Novo Testamento nos ensina a falar a verdade
em amor, ou seja, devemos saber como falar, e em que momento falar. “A vossa
palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibas como convém
responder a cada um” (BÍBLIA, Cl 4.6).
Tomando por base o que foi dito por Kemp (2001), devemos
procurar andar em sinceridade diante de Deus e dos homens. Devemos evitar:
Ø O
engano - não devemos criar uma impressão ao nosso respeito que não corresponde
à verdade. “Senhor livra-me dos lábios mentirosos, da língua enganadora”
(BÍBLIA, Sl 120.2).
Ø A
lisonja – elogiar alguém sem sinceridade. “Corte SENHOR todos os lábios
bajuladores, a língua que fala soberbamente” (BÍBLIA, Sl 12.3).
Ø O
dolo – tratar uma pessoa de certa forma, com segundas intenções.
“Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniquidade e em cujo
espírito não há dolo” (BÍBLIA, Sl 32.2).
Ø O
exagero – aumentar alguma coisa para torná-la mais interessante. “São justas
todas as palavras da minha boca; não há nelas nenhuma coisa torta, nem
perversa” (BÍBLIA, Pv 8.8).
Ø A
mentira – enganar, falsificar, ludibriar com a intenção de ferir ou tirar
proveito de alguém. “Os lábios mentirosos são abominação ao SENHOR, mas os que
agem fielmente são o seu prazer” (BÍBLIA, Pv 12.22).
Ø A
hipocrisia – elogiar a pessoa pela frente, e falar mal dela pelas costas. “Como
vaso de barro coberto de escórias de prata, assim são os lábios amorosos e o
coração maligno” (BÍBLIA, Pv 26.23).
Jesus
Cristo no Sermão do monte deixou-nos as seguintes palavras: “Seja, porém, a tua
palavra; Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno” (BÍBLIA, Mt
5.37).