quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Quem é o meu próximo? Por: Kátia Cleone Neves.

Quem é o meu próximo?

Esta foi a pergunta feita pelo doutor da lei a Jesus após ouvir a explanação que visava responder sua pergunta anterior: “Mestre que farei para  herdar a vida eterna?” (Lc 10.25)

Como um bom Mestre Jesus respondeu a pergunta do doutor da lei com outra pergunta: Que está escrito na lei? Como lês?

E ele respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo”

Então Jesus lhe disse, você respondeu bem, faze isso e viverás. Mas ele querendo se justificar, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo?

Com esta pergunta o escriba queria que Jesus construísse um muro que limitasse o próximo, que limitasse o amor.

Jesus não respondeu sua pergunta de imediato, antes lhe contou uma parábola, levando-o a analisar seu próprio questionamento.

Havia um homem que descia de Jerusalém para Jericó e que caiu nas mãos dos malfeitores que o deixaram quase morto. E descia pelo mesmo caminho um sacerdote que o vendo passou de largo, de igual forma um levita que também passou de largo, mas, um samaritano vendo-o moveu-se de intima compaixão.

Nós leitores contemporâneos chamamos o herói desta parábola de bom samaritano, mas para os que ouviram essa narrativa dos lábios de Jesus foi um grande choque quando ele pronunciou “mas um samaritano...” Pois os judeus eram inimigos dos samaritanos.

Desde o período da divisão da nação Israelita, em o Reino do Norte com capital em Samária e Reino do sul com a capital em Jerusalém, ocorria uma forte inimizade dos dois lados. Para os judeus, Samária havia se tornado um conglomerado heterogênio devido aos povos de outras áreas que o rei da Assíria trouxe para a cidade, esses povos trouxeram consigo diferentes costumes e tradições e se misturaram aos samaritanos por meio do casamento.

Não era raro ouvir os Judeus orarem agradecendo a Deus por não haverem nascido mulher, escravo ou samaritano. Como acontece no preconceito cultural e social, a inimizade entre judeus e samaritanos não era unilateral.

Posso imaginar os olhos atentos daqueles ouvintes ao irem gradativamente percebendo que o samaritano e não o sacerdote e o levita foi quem se aproximou daquele moribundo para ajudá-lo.

O sacerdote e o levita passaram de largo e o samaritano fez o que um judeu jamais esperaria que ele fizesse.

É importante salientar que tanto o sacerdote como o escriba não fizeram mal ao homem, não foi eles que o roubaram e espancaram, eles eram pessoas de bem, vivendo suas vidas.

Contudo foram reprovados porque poderiam ter feito o bem e não fizeram, estavam ocupados, tinham suas obrigações, seus compromissos, atividades eclesiais que eram importantes, afinal estavam a serviço de Deus.

O samaritano, contudo, parou. Ele não tinha afazeres? Compromissos? Atividades importantes? Com certeza as tinha também, mas, ele vendo-o moveu-se de intima compaixão. A prática da bondade às vezes implica em transtornos e até sacrifícios.

Jesus olhando para o doutor da lei perguntou: Qual destes três te parece que foi o próximo do moribundo?

O doutor da lei respondeu: O que usou de misericórdia com ele.  Ele não disse: O samaritano, ainda era difícil para ele admitir que o herói da história narrada por Jesus era um samaritano e não um judeu.

Quem era o homem que caiu na mão dos salteadores? A Bíblia não relata sua identidade, não sabemos sua nacionalidade, sua posição social, sua religião. E porque isso não ficou registrado? Para que nós não construíssemos muros limitando a quem devemos ajudar.

A lição ensinada por Jesus é muito clara: O próximo é qualquer pessoa necessitada!

Que nós cristãos contemporâneos possamos parar um pouco da nossa correria, seja ela eclesiástica, profissional, acadêmica, etc. E olhar a nossa volta, permitir que nosso coração se mova de intima compaixão.

E pra você, quem é o teu próximo?


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