Esta foi a pergunta feita pelo
doutor da lei a Jesus após ouvir a explanação que visava responder sua pergunta
anterior: “Mestre que farei para herdar
a vida eterna?” (Lc 10.25)
Como um bom Mestre Jesus
respondeu a pergunta do doutor da lei com outra pergunta: Que está escrito na
lei? Como lês?
E ele respondeu: “Amarás o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as
tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo”
Então Jesus lhe disse, você
respondeu bem, faze isso e viverás. Mas ele querendo se justificar, perguntou a
Jesus: Quem é o meu próximo?
Com esta pergunta o escriba
queria que Jesus construísse um muro que limitasse o próximo, que limitasse o
amor.
Jesus não respondeu sua pergunta
de imediato, antes lhe contou uma parábola, levando-o a analisar seu próprio
questionamento.
Havia um homem que descia de
Jerusalém para Jericó e que caiu nas mãos dos malfeitores que o deixaram
quase morto. E descia pelo mesmo caminho um sacerdote que o vendo passou de
largo, de igual forma um levita que também passou de largo, mas, um samaritano
vendo-o moveu-se de intima compaixão.
Nós leitores contemporâneos
chamamos o herói desta parábola de bom samaritano, mas para os que ouviram essa
narrativa dos lábios de Jesus foi um grande choque quando ele pronunciou “mas
um samaritano...” Pois os judeus eram inimigos dos samaritanos.
Desde o período da divisão da
nação Israelita, em o Reino do Norte com capital em Samária e Reino do sul com a
capital em Jerusalém, ocorria uma forte inimizade dos dois lados. Para os
judeus, Samária havia se tornado um conglomerado heterogênio devido aos povos
de outras áreas que o rei da Assíria trouxe para a cidade, esses povos
trouxeram consigo diferentes costumes e tradições e se misturaram aos
samaritanos por meio do casamento.
Não era raro ouvir os Judeus orarem
agradecendo a Deus por não haverem nascido mulher, escravo ou samaritano. Como
acontece no preconceito cultural e social, a inimizade entre judeus e
samaritanos não era unilateral.
Posso imaginar os olhos atentos
daqueles ouvintes ao irem gradativamente percebendo que o samaritano e não o
sacerdote e o levita foi quem se aproximou daquele moribundo para ajudá-lo.
O sacerdote e o levita passaram
de largo e o samaritano fez o que um judeu jamais esperaria que ele fizesse.
É importante salientar que tanto
o sacerdote como o escriba não fizeram mal ao homem, não foi eles que o
roubaram e espancaram, eles eram pessoas de bem, vivendo suas vidas.
Contudo foram reprovados porque
poderiam ter feito o bem e não fizeram, estavam ocupados, tinham suas
obrigações, seus compromissos, atividades eclesiais que eram importantes,
afinal estavam a serviço de Deus.
O samaritano, contudo, parou. Ele
não tinha afazeres? Compromissos? Atividades importantes? Com certeza as tinha
também, mas, ele vendo-o moveu-se de intima compaixão. A prática da bondade às
vezes implica em transtornos e até sacrifícios.
Jesus olhando para o doutor da
lei perguntou: Qual destes três te parece que foi o próximo do moribundo?
O doutor da lei respondeu: O que
usou de misericórdia com ele. Ele não
disse: O samaritano, ainda era difícil para ele admitir que o herói da história
narrada por Jesus era um samaritano e não um judeu.
Quem era o homem que caiu na mão
dos salteadores? A Bíblia não relata sua identidade, não sabemos sua
nacionalidade, sua posição social, sua religião. E porque isso não ficou
registrado? Para que nós não construíssemos muros limitando a quem devemos
ajudar.
A lição ensinada por Jesus é
muito clara: O próximo é qualquer pessoa necessitada!
Que nós cristãos contemporâneos possamos
parar um pouco da nossa correria, seja ela eclesiástica, profissional,
acadêmica, etc. E olhar a nossa volta, permitir que nosso coração se mova de intima
compaixão.
E pra você, quem é o teu próximo?
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