segunda-feira, 12 de maio de 2014

RELEVÂNCIA, NECESSIDADE E DEFINIÇÃO DA TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO. Por: Kátia Cleone Neves


Estamos vivendo um tempo em que o relativismo religioso tem se proliferado, igrejas são abertas todos os dias, e surgem inúmeros “pregadores” anunciando uma mensagem que dizem ser a mensagem de Deus.

As pessoas caminham de um lado para o outro, ávidas por algo que supra as suas necessidades de forma pronta, imediata, pois esta é uma das características dessa sociedade pós-moderna, o imediatismo, o aqui e agora.

Diante deste contexto de pessoas vazias e da procura imediata por soluções, vemos crescer assombrosamente o “mercado da fé”.  Venha e sirva-se, nossa igreja tem o que você quiser! Esta é uma realidade, uma triste realidade, e aqueles que verdadeiramente amam a Deus e a sua palavra muitas vezes se veem impotentes, o que fazer?

Podemos encontrar o caminho nas palavras de Jesus “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará” (João 8.32). O conhecimento da doutrina cristã é essencial para a plena libertação do homem. Destarte urge a necessidade de dar ao ensino neotestamentário o lugar de preeminência na pregação e no funcionamento das igrejas contemporâneas. Precisamos ter bem claro o fundamento basilar da nossa fé.

Observamos dia a dia desvios doutrinários, heresias sendo introduzida no meio evangélico, transvestidas de verdade, de adaptação à era em que estamos vivendo. É diante deste contexto que percebemos a importância do estudo da Teologia do Novo Testamento, pois ela afastará o cristão dos prejuízos gerados pelos modelos teológicos modernos, entre os quais se encontra a teologia da prosperidade, a confissão positiva, a teologia do processo e o teísmo aberto.

Antes, porém de se expor com mais exatidão a importância da Teologia do Novo Testamento é importante construir uma definição. Segundo (Granconato, 2014, p 15)

Teologia do Novo Testamento é o arranjo ordenado das doutrinas reveladas ou reafirmadas por Deus no século I, detectadas nos escritos neotestamentários e usadas como fundamento singular e intocável na construção do pensamento, da ética e do padrão funcional da igreja cristã autentica.

Embora outras definições possam ser encontradas essa nos mostra de forma mais profunda sua relevância dentro do contexto contemporâneo.

O evangelicalismo brasileiro tem suas características e algumas delas bem preocupantes, muitos lideres acreditam que para manter os fieis interessados na igreja é necessário introduzir novidades, novas formas de sentir Deus, de experimentar o transcendente, assim não raro a ênfase é colocada na experiência pessoal, mística, em detrimento da revelação bíblica.

Geralmente tais inovações têm surgido nos Estados Unidos e importadas pelo Brasil, uma dessas importações ocorreu na década de 80 intitulada de “Teologia da prosperidade” embora pareça recente ela surgiu em 1867 com os ensinamentos de Essek Willian Kenyon que cunhou a expressão “O que eu confesso, eu possuo”.

Mas, quem ficou conhecido como pai dessa teologia foi Kenneth Hagin, em 1934 ele começou seu ministério como pregador batista e depois de três anos se associou aos pentecostais, ele dizia ter recebido um unção divina para ser mestre e profeta, segundo ele seus ensinamentos foram transmitidos pelo próprio Deus mediante revelação especial. No Brasil essa teologia ganhou força nas reuniões da Adhonep e nas cruzadas de Benny Hinn.

Basicamente a teologia da prosperidade assegura aos crentes riquezas materiais, saúde física, vitorias sobre os demônios e maldiçoes, anexa a essa teologia está a doutrina da confissão positiva que prega a vitoria sobre as vicissitudes da vida por meio das frases que pronuncia, palavras de ordem ou reprimenda: “Eu determino” “Eu não aceito” “Eu repreendo” “Eu ordeno” etc.

Apesar da mensagem que a teologia da prosperidade apregoa não ser encontrada na Bíblia ela oferece tudo o que os homens anelam e desta forma tem grande sucesso no Brasil e no mundo. O sucesso desta teologia prejudicial no Brasil comprovam a necessidade urgente de um retorno da igreja à teologia do Novo Testamento. A pureza do evangelho é o único antídoto contra a supertição e a fraude religiosa.

Conhecer a Teologia do Novo Testamento levará o cristão a fugir também da teologia do processo cujo modelo doutrinário mostra um Deus que não é eterno, onisciente e muito menos imutável. Para os teólogos do processo Deus não realiza intervenções sobrenaturais na história nem conhece o futuro, pois este depende das decisões livres dos indivíduos.

O teísmo aberto ensina que sendo o homem verdadeiramente livre, isso impede que Deus exerça controle sobre o universo, pois não pode interferir nas escolhas humanas, desta forma Deus limita sua soberania e assim se abre a fim de garantir o exercício do livre-arbítrio humano em toda a sua plenitude.

Segundo (Granconato, 2014. P19)

A diferença entre a teologia do processo e o teísmo aberto, presentes também no Brasil, parece estar apenas em seu ponto de partida. A primeira tira as rédeas da história das mãos de Deus partindo de uma concepção que o insere numa rede de relacionamentos dentro da qual a própria divindade sofre mudanças fatais e só é capaz de fazer tentativas de intervenção no destino do universo. A segunda reduz a soberania divina partindo de uma tônica inflexível sobre a liberdade humana, tendo-a como intocável. Em ambos os casos, a vontade pessoal de Deus deve ceder diante das decisões humanas. Assim, é Deus quem diz ao homem: “Seja feita a sua vontade”.


Quais os instrumentos que o cristão pode utilizar para fazer oposição a esses ensinos? Como resistir a essas filosofias transvestidas de verdades bíblicas? Salientamos que somente a instrução que emana das sagradas escrituras poderá livrar o cristão de cair nos devaneios da vã sabedoria humana.


 Estudando o Novo Testamento, o cristão rejeitará a teologia do processo, aprendendo que Deus é transcendente, distinto do universo que criou, situando-se infinitamente acima dele (At17.24; Ef 1.21-22; Ap 3.14; 4.11). Descobrirá que o Senhor não é imutável somente em seu caráter e anseios, mas também em suas decisões e na forma como administra sua graça (Tg 1.17). Além disso, descobrirá ainda que a vontade de Deus é soberana, não podendo jamais ser resistida (Rm 9.19-21; Ef 1.11); que seu conhecimento do futuro é pleno e certo (Mt 24.2; Lc 17.30-31; 2Ts 2.1-12; Ap 1.19), visto que o amanhã foi escrito e determinado por ele (At 4.27-28). E mais: o estudioso da teologia cristã autêntica encontrará a verdade de que Deus não somente interfere na história das pessoas dando-lhe o rumo que bem entende (At 17.26), mas que ele também altera a vontade dos homens, endurecendo ou quebrantando o coração de quem quer (Jo 6.65; At 16.14; Rm 9.18; Ef 2.13). Ao final, esse estudante fatalmente concordará, sem reservas, com a famosa distinção que Blaise Pascal (1623-1662) fez em seu Memorial: “Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó e não dos filósofos e dos sábios...”. (Granconato, 2014. P20)


Como podemos observar o mosaico do engano doutrinário é diversificado, comprovando a importância de um retorno as sagradas escrituras, a igreja precisa voltar-se com mais dedicação a Teologia do novo testamento, e reconhecer sua relevância e necessidade dentro do contexto social e religioso contemporâneo.



REFERÊNCIAS


GRANCONATO, Marcos. Fundamentos da Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Mundo Cristão2014. 216p.

SAGRADA, Bíblia de estudo pentecostal. Estados Unidos: CPAD, 1995. 2030p.